Informação foi divulgada pela Secretaria de Polícia Militar nesta terça-feira. Na última semana, o coronel Henrique Pires adiantou ao EXTRA que o Bope também começaria a usar o equipamento nesta semana
PMs começaram a usar câmeras nas fardas em maio
Após o anúncio de que a tropa do Batalhão de Operações Especiais (Bope) começaria a utilizar câmeras em uniformes nesta semana, a Polícia Militar informou, nesta terça-feira, que o Batalhão de Polícia do Choque também passou a usar os equipamentos. A instalação dos aparelhos se deu depois de mais de quatro anos de discussões envolvendo estado, movimentos ligados a direitos humanos e Justiça para reduzir a letalidade policial em favelas do Rio.
Na última semana, o secretário de estado de Polícia Militar, coronel Luiz Henrique Marinho Pires, afirmou que integrantes do Bope passavam por treinamento para utilizar os equipamentos nas fardas. Ao EXTRA, ele garantiu que a decisão não tem relação com as investigações da Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) e da Corregedoria da Polícia Militar sobre os três autos de resistência ocorridos no Complexo de Israel, na Zona Norte do Rio.
Imagens de uma câmera instalada num imóvel na favela mostram policiais do Bope, armados de fuzis, com três homens com as mãos amarradas. Poucas horas depois, aparentemente, os mesmos suspeitos, entraram no Hospital Estadual Getúlio Vargas, na Penha, já mortos. O caso ocorreu no último dia 27, quando o policial militar Leonardo Maciel da Rocha, de 33 anos, foi atingido por um tiro na cabeça, dentro do blindado da PM.
— Cumprimos a determinação do STF. Já estava no nosso cronograma a data para o Bope usar câmeras em seus uniformes. Será no próximo dia 8 — explicou o secretário de Estado da Polícia Militar. — Não há ligação alguma com o episódio ocorrido no Complexo de Israel (sobre as investigações de agentes da tropa de elite suspeitos de executarem três homens). Aliás, a nossa corregedoria interna está acompanhando o caso com a Delegacia de Homicídios da Capital. Temos o maior interesse em esclarecer os fatos — afirmou o coronel Henrique Pires.
Em julho do ano passado, o governo do Rio publicou um decreto determinando que agentes das tropas de elite das polícias Civil e Militar — Core, Batalhão de Choque e Bope — passem a usar câmeras em fardas, atendendo a uma determinação do Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo o documento, o uso do equipamento deveria ser detalhado em uma resolução conjunta, que as secretarias de Estado de Polícia Civil e de Polícia Militar elaboraram.
Em 2019, a ADPF 635, conhecida como ADPF das Favelas, foi proposta pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB), para reduzir a letalidade policial em operações nas favelas do Rio. Uma das recomendações da proposta da ADPF, assinada por vários movimentos populares, além do Ministério Público Federal e a Defensoria Pública, foi o uso das câmeras nos uniformes dos policiais. O estado, no entanto, chegou a argumentar que a filmagem das ações dos agentes de tropas especiais iria revelar as táticas das polícias.
Polícia Civil ainda não implementou
Em relação à Coordenadoria de Operações e Recursos Especiais (Core), da Polícia Civil, a corporação afirmou ter apresentado um cronograma de implementação, que “está sendo cumprido”. Por meio de nota, também disse que “atualmente, o planejamento está em fase final de adequações técnicas”.
Por EXTRA