O Códice Sassoon, a mais antiga cópia sobrevivente do manuscrito contendo os 24 livros da Bíblia hebraica, teria sido escrito há cerca de 1.100 anos.
O ex-embaixador americano Alfred Moses comprou o texto para o Museu do Povo Judeu (ANU) em Tel Aviv, Israel. “A Bíblia hebraica é a mais influente da história e forma a base da civilização ocidental”, disse Moses.
“Fico feliz em saber que pertence ao povo judeu. Minha missão, percebendo o significado histórico do Códice Sassoon, era fazê-lo residir em um local globalmente acessível para todos.”
Esse leilão ultrapassou os US$ 30,8 milhões pagos pelo cofundador da Microsoft, Bill Gates, em 1994, pelo Codex Leicester, o caderno científico de Leonardo da Vinci.
No entanto, o valor ficou aquém do recorde de leilão para um documento histórico, estabelecido pelo gerente de fundos Ken Griffin, que comprou uma cópia impressa da primeira edição da Constituição dos Estados Unidos há dois anos por US$ 43,2 milhões (cerca de R$ 214 milhões).
O Códice Sassoon deve seu nome ao seu proprietário anterior, David Solomon Sassoon, que o adquiriu em 1929 e reuniu em sua casa em Londres, no Reino Unido, a maior e mais importante coleção particular de manuscritos hebraicos do mundo.
Séculos de anotações
O texto da Bíblia hebraica, cujos 24 livros compõem o que os cristãos chamam de Antigo Testamento, estava em constante mudança até o início da Idade Média, quando estudiosos judeus conhecidos como massoretas começaram a criar um corpo de notas para padronizá-lo.
O Código de Alepo, criado por volta de 930, é considerado o texto massorético de maior autoridade. No entanto, apenas 295 das 487 páginas originais permanecem conservadas, em razão de danos causados por um incêndio na cidade síria de Alepo em 1947.
De acordo com a casa de leilões Sotheby’s, faltam apenas 12 páginas ao Códice Sassoon, cuja datação por carbono indica que foi criado por volta do ano 900.
“Esta é a primeira vez que um livro quase completo da Bíblia Hebraica apareceu com as vogais, cantilena e notas de rodapé que dizem aos escribas como o texto deve ser redigido corretamente”, disse em março Sharon Mintz, principal especialista sobre os itens da casa de leilões.
Os séculos de anotações e inscrições revelam que o manuscrito foi vendido por um homem chamado Khalaf ben Abraham a Isaac ben Ezekiel al-Attar, que mais tarde transferiu a propriedade para seus dois filhos, Ezekiel e Maimon.
No século 13, a obra foi entregue a uma sinagoga em Makisin, no nordeste da Síria.
Após a destruição da cidade pelos mongóis no final do século 13 ou pelos timúridas no início do século 15, o manuscrito foi entregue a Salama ibn Abi al-Fakhr. Depois disso, desapareceu por 500 anos.
O último proprietário do Códice Sassoon foi a investidora suíça Jacqui Safra, que o comprou por US$ 2,5 milhões (cerca de R$ 12,4 milhões) em um leilão realizado em Londres em 1989.
Créditos: BBC News Brasil